O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, deu novas mostras de que não deve seguir mais a atual política de preços de paridade de importação para combustíveis, o chamado PPI. A investidores em teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2022, ele disse que o alinhamento ao PPI é o melhor para os competidores da estatal, mas não necessariamente para a companhia

“O preço de paridade de importação é o preço do nosso concorrente, não é o nosso, e só garante a ele posição confortável. Tivemos momentos de fatores de utilização das nossas refinarias muito baixos nos últimos anos, por interferência do governo (anterior) para abrir espaço para os nossos concorrentes, e isso vai mudar, a política de preços é uma questão de governo”, explicou Prates. “Vamos voltar a praticar o melhor preço doméstico para os nossos produtos usando todas as ferramentas para nos tornar atrativos para os nossos clientes”, continuou Prates.
Participando pela primeira vez de uma teleconferência com analistas desde que assumiu o cargo, em 26 de janeiro, Prates deixou claro que uma eventual política de preços deve partir do governo e não da estatal, mas que a gestão da Petrobras tem a responsabilidade de dizer ao controlador, no caso, a União, que existem alternativas melhores do que ser agente de política setorial.
Questionado sobre possíveis mudanças na política de preços da Petrobras, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta quinta-feira (2), que alterações no Preço de Paridade de Importação (PPI) da empresa fazem parte da agenda do Ministério de Minas e Energia (MME).
“Vamos colocar os nossos melhores quadros à disposição do MME para encontrar alternativas para que não pesem no bolso do consumidor as eventuais variações do preço internacional (do petróleo), que penalizaram muito a população no último governo. Chegou-se a pagar R$ 10 no litro da gasolina”, afirmou, ao chegar à sede da Fazenda.
Haddad lembrou que o novo presidente da Petrobras, o ex-senador Jean Paul Prates (PT-RN), só assumiu agora o controle da empresa. “Temos aí um mês e meio para que haja mudança de Conselho e de diretoria, e vamos tratar com toda a seriedade este assunto, que é delicado e envolve a relação do Brasil com o mundo. Nós somos importadores de derivados e tudo isso tem que ser visto com muita cautela”, completou o ministra da Fazenda.