Buffett, 5º mais rico do mundo, se aposenta aos 94: de onde vem a fortuna?

A Berkshire Hathaway confirmou hoje que Warren Buffett deixará o cargo de CEO no fim de 2025, encerrando uma trajetória de mais de seis décadas à frente da companhia. O anúncio oficial veio após o próprio Buffett, de 94 anos, surpreender os acionistas ao revelar sua aposentadoria durante a tradicional reunião anual da empresa no último sábado (3). Considerado o investidor mais conhecido do mundo, ele é conhecido como Oráculo de Omaha, sua cidade natal em Nebraska.

Buffett foi responsável por transformar a Berkshire Hathaway, uma empresa têxtil à beira da falência, em um conglomerado avaliado em US$ 1,1 trilhão, com investimentos em gigantes como Apple, Coca-Cola e American Express. Atualmente, ele é a quinta pessoa mais rica do planeta, com uma fortuna estimada em US$ 166,4 bilhões (cerca de R$ 931,8 bilhões), segundo a revista Forbes. Mas de onde vem essa riqueza e qual é a trajetória por trás dela?

Quem é o quinto homem mais rico do mundo?

Warren Buffett não nasceu pobre. Filho de um corretor da bolsa e congressista americano, cresceu em Omaha, Nebraska, no seio de uma família de classe média alta.

Com um estilo de investimento que privilegia negócios sólidos e visão de longo prazo, Buffett acumulou um patrimônio estimado em US$ 166,4 bilhões. A fortuna corresponde a R$ 931,8 bilhões, segundo o ranking da revista Forbes divulgado no dia 1º de maio. Aos 94 anos, o investidor anunciou que deixará no fim de 2025 o cargo de CEO da Berkshire Hathaway, conglomerado que comanda desde 1965.

Conhecido como o “Oráculo de Omaha”, Buffett transformou uma fabricante têxtil decadente em um gigante avaliado em US$ 1,1 trilhão. O negócio têxtil deixou de existir em 1985, mas hoje a companhia incorpora fatias expressivas em empresas como American Express, Coca-Cola, Apple e Bank of America.

A Berkshire também é dona de negócios inteiros, como a seguradora Geico, a fabricante de baterias Duracell e a rede Dairy Queen. A empresa é considerada um retrato da economia americana e uma vitrine do estilo de investimento que tornou Buffett um mito.

Começou aos 11 anos

O interesse por dinheiro surgiu cedo. Aos 11 anos, Buffett comprou sua primeira ação – três papéis da Cities Service – e aos 13 declarou impostos pela primeira vez. Distribuía jornais, vendia refrigerantes e balas. Aos 14, usou os lucros desses pequenos negócios para comprar um terreno agrícola de 16 hectares, que alugou.

Buffett estudou na Universidade de Nebraska e, depois, na Universidade Columbia, onde foi aluno de Benjamin Graham. Graham é conhecido como o “pai do value investing”, filosofia de investimento que busca ativos negociados abaixo de seu valor intrínseco, e que foi incorporada à disciplina de Buffett em seus negócios.

Inicialmente, porém, o professor recusou-se a contratar Buffett, que voltou a Omaha e trabalhou na corretora do pai. Foi só em 1954 que se mudou para Nova York para trabalhar com o mentor. Pouco depois, fundaria sua própria empresa de investimentos e começaria a trilhar o caminho da fortuna, colocando em prática as teorias de investimento.

A virada: Berkshire Hathaway

A virada aconteceu em 1965, quando Buffett assumiu o controle da Berkshire Hathaway, uma fabricante de tecidos à beira da falência. Ele a transformou em seu veículo de investimentos, adquirindo primeiro seguradoras, que forneciam capital abundante – o chamado “float”, dinheiro pago em prêmios mas ainda não utilizado para sinistros – e depois empresas de diversos setores.

Entre as aquisições mais relevantes estão a ferrovia BNSF, comprada por US$ 26 bilhões em 2010, e a Berkshire Hathaway Energy, produtora de energia adquirida em 2000 por US$ 2 bilhões. A empresa hoje controla 189 subsidiárias, de marcas populares a fornecedores de infraestrutura.

Buffett ficou famoso por uma abordagem “simples”. Ela envolve investir em negócios com vantagens competitivas duradouras, boa governança e preços razoáveis. Seu mantra era “nosso prazo favorito de retenção é para sempre”.

Esse modelo gerou retornos, que ele reinvestia continuamente, criando um efeito bola de neve. A expressão que, inclusive, virou título de sua biografia “A Bola de Neve: Warren Buffett e o Negócio da Vida”, inicialmente autorizada e na qual Buffett contribuiu, mas mais tarde criticou.

O que ele tem na carteira.

Entre as maiores posições atuais da Berkshire Hathaway estão:

Apple: US$ 135 bilhões
Bank of America: US$ 35 bilhões
American Express: US$ 28 bilhões
Coca-Cola: US$ 25 bilhões

Além disso, a Berkshire ainda detém participações em empresas como Kraft Heinz, HP, Visa, Mastercard, Amazon e BYD, a fabricante chinesa de carros elétricos. Assim como em Chevron e Occidental Petroleum, no setor de energia.

Praticamente toda a fortuna de Buffett está concentrada em ações da própria Berkshire Hathaway. Ele nunca diversificou seu patrimônio ou comprou grandes mansões, iates ou ativos alternativos. Mora na mesma casa em Omaha desde 1958 e, segundo ele, não tem interesse em bens de luxo.

Buffett já doou cerca de US$ 60 bilhões. Quase tudo em ações da Berkshire, principalmente para a Fundação Bill & Melinda Gates e para fundações controladas por seus filhos e por sua falecida esposa, Susan. Em 2010, lançou o movimento Giving Pledge, ao lado dos Gates, que convida bilionários a doar ao menos metade de suas fortunas. No seu caso, ele promete doar 99% de todo o seu dinheiro, ainda em vida ou depois de sua morte.

Defensor da taxação de grandes fortunas e crítico do tarifaço.

Buffett é um dos poucos bilionários a defender publicamente impostos mais altos para os ricos. Costuma dizer que sua secretária paga uma alíquota maior do que ele, o que considera inaceitável. Em 2023, a Berkshire Hathaway pagou US$ 5 bilhões em impostos federais, a maior cifra já paga por uma empresa nos EUA, segundo ele.

Não me incomoda escrever esse cheque.
Buffett, em sua última carta aos acionistas.

Pela primeira, o maior investidor do mundo também comentou o protecionismo e tarifas promovidas por Donald Trump. Durante a convenção da empresa, neste sábado, Buffet criticou as medidas e afirmou que a prosperidade americana se deve a um mercado aberto e competitivo.

(Com informações do Bloomberg, Forbes e The New York Times)

Fonte: UOL. Economia

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